quarta-feira, 10 de junho de 2009

Carmelita

Ela era a coisa mais linda que surgiu em toda minha vida. Ela era como um sonho, como uma Vênus que se conserva com o tempo. Ela era a sabedoria. Rude. Mas eu gostava de tudo isso. Gostava de sofrer? Não sei. Essas coisas não se gostam, acontecem.

Sincera ao ponto de descobrir suas fraquezas. Às vezes é até sorridente. E quem não é às vezes? Mas nem sempre.

Como eu gostava quando sorria para mim. Como minha boca salivava. Instigada pela curiosidade de um sonho tão doce, tão doce... Como eu gostava de quando ficava braba.

Era engraçada. Pequena como eu. Dava até para dizer que era uma prima mais velha. Não era isso que eu queria. Era outra coisa. Então não poderia ser minha irmã ou minha prima. E o tremor, o que era aquele tremor? Era bom? Era ruim? Não sei. Mas era. Se abrisse todo seu sorriso pra mim. Toda a perna. Todo peito aberto esperando afago. Se me olhasse como se me molhasse... Era uma sensação totalmente diferente de tudo que já havia sentido antes. Muito mais forte.

Necessitava de coragem. Para enfrentar tudo que fosse possível pelo meu amor. Nunca tive tanta vontade de dizer oi meu amor. Não poderia. A falta de intimidade dá uma coisa estranha na gente. Uma coisa que dá vontade e é reprimida.

Imagino. Só imagino: a língua macia, os seios fartos, as ancas largas, a barriga corpulenta, os braços, os cabelos gostosos, as unhas bem feitas, a pélvis gorda e molhada, os pêlos, todo o resto. O que conversaríamos, como amaríamos. Os lugares que apresentarei, para ficarmos sem pudor. “ Me tirou de um mundo que eu nunca estive e me colocou em outro completamente diferente.” ( de um livro que já nem sei mais). Me tirou deste mundo sem me tocar. Só com o olhar. Só com a voz sempre do mesmo tom. Macia. Viva a voz e a virilha macia para admirar a vida!

Andava entristecida, pois achava que experimentara tudo de novo neste mundo. Até que fiz minha nova descoberta do meu novo eu. Encontrei um motivo. Para continuar na vida minha busca pelo prazer. Minha vida voltou a ser um conto de fadas. Só não posso repartir com alguém.

De dentro de uma redoma de sabão, pronta para explodir.

Te amo como uma loucura que não é minha

Que me pertenceu algum dia

Aqui jaz no meu corpo

Para me condenar

Te amo como se ama uma vez

Vezes repetidas

Que não me canso

Espero algum dia te dar

Te amo cmo se ama por inteiro

Como se dorme

Como se bebe

Devagar

Te amo baixinho

Sussurrando

Mastigando

Como se amor é coragem

Por Ale Gomes: www.sobrecoisaselugares.blogspot.com

3 comentários:

  1. Carai Ale...eu adoro 'Carmelita'. Encanta...

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  2. Curiosidade Carmelita ja o leu?

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  3. Difícil Carmelita ter lido... ai ai... Ela deve ser muito puritana pra essas coisas, ao ponto de não se importar.

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