segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sobre pernas e peitos

Escrevo esta carta com as pernas abertas de quem não tem medo de se machucar. Escrevo de pernas abertas como quem não tem medo de se esticar. Nem do seu próprio cheiro. De quem toma banho, mas não passa perfume. Pra sentir cheiro de carne no ar. Carne da pele macia, rijos ao ponto de não cair mais. Estico mais. Gosto de me testar. De quem escreve com as pernas abertas com a mente entreaberta, cruzando-as se ajeitando, pra sentir aqui tudo mais livre. Como quem faz amor com a escrita, quem espera o amor que não vem, o correspondido do que escreverei. Nada comigo se identifica. Assustará como um bicho pervertido que não controla seus instintos ao ponto de agarrar, nossa, não sabia que eras assim.

Os meus peitos são separados, porquê eu durmo de bruços

Os meus peitos são separados e cravados no seu amor

E de bruços

Porquê eu soluço e bebo pra sentir o torpor

Dos meus peitos separados e de bruços

Despontados para fora

Bebendo pra sentir o calor que circunda meus peitos separados

Da pele fina e macia que cabem mãos pequenas como as minhas

Do tamanho

Magro

Dormindo de bruços

Sobre pernas e peitos muito se diz

Pouco se faz

Quase nunca se sente ou querem saber qual a sensação de torpor

Sobre pernas e peitos pouco já se sentiu.


De Ale Gomes: www.sobrecoisaselugares.blogspot.com

Envie a sua arte para historianos.art@gmail.com


2 comentários:

  1. Maravilhoso!

    Descobrir o Clio no Cio foi o que animou o fim de noite. Linda essa ação de vcs!

    Márcio Cubiak

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